domingo, 28 de março de 2010




"Quem sou eu? De onde venho? Sou Antonin Artaud e basta que eu o diga como só eu o sei dizer e imediatamente hão de ver meu corpo atual voar em pedaços e se juntar sob dez mil aspectos diversos. Um novo corpo no qual nunca mais poderão esquecer. Eu, Antonin Artaud, sou meu filho, meu pai, minha mãe e eu mesmo. Eu represento Antonin Artaud! Estou sempre morto. Mas um vivo morto, um morto vivo. Sou um morto sempre vivo. A tragédia em cena já não me basta. Quero transportá-la para minha vida. Eu represento totalmente a minha vida. Onde as pessoas procuram criar obras de arte, eu pretendo mostrar o meu espírito. Não concebo uma obra de arte dissociada da vida. Eu, o senhor Antonin Artaud, nascido em Marseille, no dia 4 de setembro de 1896, eu sou Satã e eu sou Deus, e pouco importa a Virgem Maria."

segunda-feira, 1 de março de 2010

ou o silêncio contínuo .


" Realizador ou diretor
não se trata de dirigir alguém,
mas de dirigir a si mesmo.
Nada de atores.
( Nada de direção de atores.)
Nada de papéis.
( Nada de estudo de papéis.)
Nada de encenação,
mas a utilização de modelos
encontrados na vida.
Ser ( Modelos) em vez de parecer (Atores)
Modelos:
movimentos de fora
para dentro.
( Atores: movimento de dentro para fora.)
O importante são as trocas telepáticas, adivinhação.
A cura para o terrível hábito do teatro.
A confusão desta vez estará do lado da vida e não do lado
do hábito do teatro.

As proximidades possibilitam um movimento
de fora para dentro?

Não falar a língua do teatro, estar nele como em um país estrangeiro, como a natureza nas cidades
industriais
Árvores na entrada das fábricas.
Não copiar a vida, nem realizar movimentos estudados.
Não há relações entre um ator
e uma árvore.
Eles pertencem a dois universos diferentes
( Uma árvore de teatro
simula uma árvore verdadeira)
Dedicar-se no POEMA EM AÇÃO ao encontro com os gestos insignificantes.

( Não aos significantes, do desejo de significar nasce a simulação teatral)
Procurar dentro de si a força que irrompe do olho.
Suprimir radicalmente
as intenções nos seus modelos.
Procurar a maneira silenciosa e visível de
falar dos corpos,dos objetos, das casas, das árvores, dos campos.
Evitar os excessos do kabuki,procurar a concisão do hai kai.
Quanto maior o sucesso, mais ele beira o fracasso, como a obra-prima da pintura que se transforma em estampa para anúncios, camisetas, xícaras de café...
A mistura do verdadeiro com o falso, gera o falso.
Cave onde você está, não deslize para outros lugares, dupla, tripla camada de coisas.
Tenha certeza de ter esgotado tudo, explorado tudo o que se comunica pela
imobilidade e elo silêncio.
Extraia de seus modelos a prova de que eles existem com as estranhezas e enigmas deles.
Captar instantes, espontaneidade, frescor.
Não corra atrás da poesia. Ela penetra sozinha pelas articulações
( Elipses, pausas)
Que o público procure, não o talento no seu rosto, mas
o enigma particular de todo ser vivo.
Representação, aquilo que parece ter existência própria, fora do ator,
o que pode ser palpável e não se desvanece por causa de ridículos aplausos. (amor simulado)
Desmontar e remontar até
a intensidade.
Gestos como as modulações da música. "
Robert Bresson.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Espetáculos Gratuitos

1. Cia. Estável recebe a Companhia do Feijão com o espetáculo "Reis de Fumaça", no Arsenal da Esperança. Dia 28 de fevereiro (Domingo), às 17h. Local: R. Dr. Almeida Lima, 900 – Brás. Em caso de chuva forte não haverá apresentação. Mais informações: (11) 8121-0870 - (11) 8708-9563 ou www.territorioestavel.blogspot.com.

2. A Cia. São Jorge de Variedades apresenta o espetáculo "O Santo Guerreiro e o Herói Desajustado" em frente a Casa de São Jorge - R. Lopes de Oliveira, 342, Barra Funda. Dia 28 de fevereiro, domingos, às 15h. Gratuito. Informações:(11) 3824-9339.

3. Projeto Artemanha nas praças apresenta em fevereiro o espetáculo "Brasil, quem foi que te pariu?". A partir da visão bem humorada de dois escravos-tigres, o espetáculo embarca em uma viagem musical pela história de um Brasil que nunca se viu. Informações: (11) 5844-4116.
- 28/02 (Domingo) - 16h. Local: Praça Júlio Cesar Campos (Parelheiros)

4. A II Trupe de Choque apresenta o espetáculo "Corpos Acumulados - Experíência 4", com texto e direção de Ivan Delmanto. Até dia 28 de março, sábado e domingo, às 19h. Local: CAISM Philippe Pinel - Av. Raimundo Pereira de Magalhães, 5214. Em caso de chuva não há espetáculo. Gratuito. Informações: www.trupedechoque.org.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Reflexão sobre o Teatro por :

"O teatro é uma forma de arte cuja especificidade a torna insubstituível como registro, difusão e reflexão do imaginário de um povo. Sua condição atual reflete uma situação social e política grave. É inaceitável a mercantilização imposta à cultura no País, na qual predomina uma política de eventos.
É fundamental a existência de um processo continuado de trabalho e pesquisa artística. Nosso compromisso ético é com a função social da arte. A produção, circulação e fruição dos bens culturais é um direito constitucional, que não tem sido respeitado. Uma visão mercadológica transforma a obra de arte em "produto cultural". E cria uma série de ilusões que mascaram a produção cultural no Brasil de hoje.
A atual política oficial, que transfere a responsabilidade do fomento da produção cultural para a iniciativa privada, mascara a omissão que transforma os órgãos públicos em meros intermediários de negócios. A aparente quantidade de eventos faz supor uma efervescência, mas, na verdade, disfarça a miséria de investimentos culturais a longo prazo que visem à qualidade da produção artística.
A maior das ilusões é supor a existência de um mercado. Não há mecanismos regulares de circulação de espetáculos no Brasil. A produção teatral é descontínua e no máximo gera subemprego. Hoje, a política oficial deixou a cultura restrita ao mero comércio do entretenimento. O teatro não pode ser tratado sob a ótica economicista. A cultura é o elemento de união de um povo que pode fornecer-lhe dignidade e o próprio sentido de nação. É tão fundamental quanto a saúde, o transporte e a educação. É, portanto, prioridade do Estado.
Torna-se imprescindível uma política cultural estável para a atividade teatral. Para isso são necessárias, de imediato, ações no sentido de: Definição da estrutura, do funcionamento e da distribuição de verbas dos órgãos públicos voltados à cultura.
Apoio constante à manutenção dos diversos grupos de teatro do País. Política regional de viabilização de acesso do público aos espetáculos. Fomento à for
mulação de uma dramaturgia nacional. Criação de mecanismos estáveis e permanentes de fomento à pesquisa e experimentação teatral. Recursos e políticas permanentes para a construção, manutenção e ocupação dos teatros públicos. Criação de programas planejados de circulação de espetáculos pelo País."
MANIFESTO ARTE CONTRA A BÁRBARIE
Cia. do Latão, Folias D´Arte, Parlapatões Patifes & Paspalhões, Pia Fraus, Tapa, União & Olho Vivo, Monte Azul e Aimar Labaki, Beto Andretta, Carlos Francisco Rodrigues, César Vieira, Eduardo Tolentino, Fernando Peixoto, Gianni Ratto, Hugo Possolo, Marco Antonio Rodrigues, Reinaldo Maia, Sérgio de Carvalho, Tadeu de Souza e Umberto Magnani.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

o que já foi antes do momento agora ...














o resultado do processo, de muita paciência ( ou não muita ) e de união em grupo...












de testar as mil possibilidades de um único objetivo...










do questionamento constante sobre esse único objetivo...




















da oportunidade de ter uma outra ferramenta á favor...










e usá-la com verosidade...











e a todo momento perceber a presença de um todo...




















estudando, pesquisando,apresentando,mudando...















absorvendo,exercitando,amadurecendo,escutando...













observados e auxiliados pelos seres humanos mestres ...












e novamente, sem a repetição não há teatro...












e sem a opinião não há sentido para a existência...















e não chegariamos com a força da diversão dos dias de hoje...















e jamais seriamos novamente surpreendidos...

Reflexão sobre o Teatro por :

"Nunca acreditei em verdades únicas. Nem nas minhas, nem nas dos outros. Acredito que todas as escolas, todas as teorias podem ser úteis em algum lugar, num dado momento. Mas descobri que é impossível viver sem uma apaixonada e absoluta identificação com um ponto de vista. No entanto, à medida que o tempo passa, e nós mudamos, e o mundo se modifica, os alvos variam e o ponto de vista se desloca. Num retrospecto de muitos anos de ensaios publicados e idéias proferidas em vários lugares, em tantas ocasiões diferentes, uma coisa me impressiona por sua consistência. Para que um ponto de vista seja útil, temos que assumi-lo totalmente e defendê-lo até a morte. Mas, ao mesmo tempo, uma voz interior nos sussura: "Não o leve muito a sério. Mantenha-o firmemente, abandone-o sem constrangimento."
Peter Brook ( 1925 ) " O Ponto de Mudança ".